Filologando

Biografia

Imagem de Teresa Margarida da Silva e Orta.

Imagem disponível em: https://www.graphia.com.br/teresa-margarida-da-silva-e-orta

Teresa Margarida da Silva e Orta nasceu em São Paulo, no Brasil, em meados de 1711 e 1712. Aos cinco anos de idade, mudou-se para Portugal com seus pais e irmãos, e foi educada junto à irmã mais nova no Convento das Trinas, onde recebeu exímio letramento.

Aos dezesseis anos, foi deserdada pelo pai por ter se casado com Pedro Jansen Moller, com quem teria filhos e viveria até quando ele falecesse, quando ela reestabeleceria contato com o irmão mais velho, Matias Aires, escritor e autor do livro Reflexões sobre a vaidade dos homens (1752).

Publicou, sob o pseudônimo de Dorothea Engrássia Tavareda Dalmira, o romance Máximas de virtude e formosura com que Diófanes, Climinéia e Hemirena venceram os mais apertados lances da desgraça (1752), republicado em outras três relevantes edições nos anos de 1777, ainda sob o mesmo pseudônimo, 1790, com autoria atribuída a Alexandre de Gusmão, e 1810, com autoria obliterada, atribuída somente a "huma senhora portuguesa". Somente em 1945, no Brasil, o livro seria republicado outra vez, mas já com autoria atribuída à Orta e com o título de Aventuras de Diófanes.

Entre os anos de 1770 e 1777, Orta seria encarcerada no Mosteiro de Ferreira de Alves por mentir ao rei de Portugal, quando escreveria um poema épico trágico, uma novena do patriarca S. Bento, e uma petição feita à rainha D. Maria I. Além destes escritos, Orta também redigiu uma relação e um diálogo quanto aos erros cometidos pelos jesuítas, marca do seu ativismo político, e uma correspondência de valor histórico que inclui interlocutores como Salvador Furtado de Mendonça.

Referências:

ENNES, Ernesto. Estudos sobre história do Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1947.

______________ Dois paulistas insignes. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1952.

MONTEZ, Ceila. Obra Reunida: Teresa Margarida da Silva e Orta. Rio de Janeiro: Graphia Editorial, 1993.

ORTA, Teresa Margarida da Silva e. Aventuras de Diófanes. Rio de Janeiro: Editora Imprensa Nacional, 1945.

SILVA, Innocencio Francisco da. Diccionario Bibliographico Portuguez. Lisboa: Imprensa Nacional, 1862. Tomo 07: Letras: Pe-Z.


A matriz de estilo de Teresa Margarida da Silva e Orta

Foi realizada, durante os anos de 2023 e 2024, uma pesquisa de Iniciação Científica, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), da Universidade de São Paulo (USP), por Letícia dos Montes Melo, da graduação em Letras com habilitação em Português e Linguística, sob orientação do Professor Doutor Phablo Roberto Marchis Fachin, e com o amparo de metodologia filológica (Cambraia, 2005), acerca da escritora luso-brasileira Teresa Margarida da Silva e Orta e o romance Aventuras de Diófanes (1752), na qual buscou-se estabelecer uma matriz de estilo, ou matriz estilística (Duarte, 2019), para a autora. 

Os resultados finais da pesquisa foram entregues em maio de 2024.

 


Os escritos de Orta

Aventuras de Diófanes

Aventuras de Diófanes foi publicado inicialemnte com o título de Maximas de virtude e formosura com que Diofanes, Clymenea e Hemirena, Principes de Thebas, vencerão os mais apertados lances da desgraça, em 1752, com autoria de Dorothea Engrássia Tavareda Dalmira. Teve quatro outras edições entre o século XVIII e o início do século XIX, que sofreram alterações no título e diferentes atribuições de autoria.

A primeira edição, de 1752, está disponível para consulta na Biblioteca Brasiliana Guita e Mindlin, da Universidade de São Paulo (USP).

A segunda edição, de 1777, foi localizada virtualmente por meio do site Open Library, com acesso no link: <https://archive.org/details/aventurasdedif00orta/mode/1up?ref=ol&view=theater>.

 

A terceira edição, de 1790, também foi localizada virtualmente no site Open Library, com acesso no link: <https://archive.org/details/aventurasdediofa01orta?ref=ol&view=theater>. 

A edição de 1818 também está disponível no site Open Library, com acesso no link: <https://archive.org/details/historiadediofan00orta?ref=ol&view=theater>. 

 

Demais escritos de Orta

 

Poema épico-trágico

Disponível para acesso no site da Biblioteca Brasiliana Guita e Mindlin, por meio do link <https://digital.bbm.usp.br/view/?45000000930&bbm/8040#page/328/mode/2up…;, o poema épico trágico dividido em cinco prantos foi escrito entre 1770 e 1777, período no qual Teresa Margarida da Silva e Orta esteve encarcerada por mentir ao rei de Portugal (Melo et al,  2023). 

Novena do Patriarca S. Bento

A novena foi transcrita na Obra Reunida de Teresa Margarida da Silva e Orta organizada por Ceila Montez em 2002.

Petição à rainha Maria I

Disponível para acesso no site da Biblioteca Brasiliana Guita e Mindlin, por meio do link <https://digital.bbm.usp.br/view/?45000000930&bbm/8040#page/398/mode/2up…;, essa petição também foi escrita durante o período de cárcere de Teresa Margarida da Silva e Orta, 1770 e 1777. 

Carta a D. Frei Manuel do Cenáculo

A carta trata-se de um documento redigido por Orta endereçado ao D. Frei Manuel do Cenáculo que está disponível para acesso na Biblioteca Pública de Évora e, também, no capítulo “O primeiro romance brasileiro e D. Teresa Margarida da Silva e Orta”, na obra Estudos sobre história do Brasil (p.  222-224), de Ernesto Ennes.

Nesta carta, segundo Ennes, menciona-se que Orta também redigiu um libelo contra os “êrros dos P. P. da Companhia” (p. 222), nele mostrando o posicionamento político de Orta e evidenciando que ela era a favor da expulsão dos jesuítas do Brasil. A carta tem como objetivo pedir ao D. Frei que a defenda contra os inimigos que a viessem perturbar diante das acusações de que ela havia mentido ao Rei de Portugal. 

A imagem abaixo trata-se de um print da carta, retirado do livro Estudos sobre a história do Brasil, de Ernesto Ennes.

 

A matriz de estilo de Orta

Metodologia

Buscou-se explorar dois aspectos: a biografia de Orta e a forma como essas vivências se traduzem em suas temáticas, refletidas na produção escrita da escritora. 

Vivências

Levou-se em conta a educação que Orta recebeu desde a infância, sua rebeldia ao se casar contra a vontade dos pais e a sua participação política.

Temáticas

Encontrou-se traduzido na sua obra, a partir de suas vivências, uma defesa da educação feminina com o amparo de discursos da personagem Delmetra, uma demonstração de coragem da mulher a partir da protagonista Hemirena, e uma crítica ao governo tirano por meio do personagem Antionor, ou Diófanes.